Pronúncias do inglês desafiadoras para os brasileiros

Para nós brasileiros, algumas palavras e sons em outros idiomas podem ser desafiadores.

A articulação, que é o processo pelo qual organizamos os órgãos da fala (lábios, língua, dentes, palato e glote) para produzir um som, pode ser a maior causa dessa dificuldade.

Isso ocorre porque cada idioma tem seus próprios sons e padrões de pronúncia, para o qual nosso aparato vocal se adapta, durante o nosso crescimento. Além disso, muitos dos sons de uma língua não têm um equivalente direto em outra, como por exemplo:

  1. Sons Inexistentes: Por exemplo, o som /ʃ/ (como em “ship”) é comum em inglês, mas não é encontrado no português.
  2. Diferenças na Colocação da Língua: A posição da língua e o formato dos lábios ao produzir sons pode variar muito de uma língua para outra. Em inglês, por exemplo, o som /θ/ (como em “think”) exige que a língua esteja entre os dentes, o que não é comum em português.
  3. Ritmo e Entonação: O português é uma língua mais silábica, enquanto o inglês é mais stress-timed, o que significa que o tempo entre as sílabas pode variar bastante. Isso pode fazer com que o ritmo e a entonação do inglês soem estranhos para um falante nativo de português.
  4. Sons Oclusivos e Fricativos: A articulação de sons oclusivos (como /p/, /t/, /k/) e fricativos (como /f/, /s/) pode ser diferente em outras línguas.
  5. Diferenças na Articulação de Vogais: O português tem um número relativamente pequeno de sons vocálicos comparado com outras línguas, como o inglês. Por exemplo, o inglês tem vários sons de vogais curtos e longos, além de vogais que não existem no português, o que pode causar dificuldade para pronunciar palavras corretamente.
  6. Ambiguidade Fonética: Em algumas línguas, a pronúncia pode mudar com base na posição da palavra ou no contexto. Em francês, por exemplo, a pronúncia das consoantes finais pode ser diferente dependendo da palavra e do contexto, o que pode ser complicado para os aprendizes.

Mas será que o treino de pronúncia merece toda essa atenção?  Dependendo da situação em que o idioma será aplicado, certamente.

Neste artigo, por exemplo, podemos ver como uma comunicação falha entre pilotos de aeronaves e a torre de controle pode causar acidentes aéreos.

Em inglês, alguns sons trazem bastante dificuldade para os brasileiros

 “Th” (como em “think” e “this”): O som do “th” não existe em português, e os brasileiros costumam substituir por “s” ou “d”. Então, “think” pode sair como “sink” e “this” como “dis”.

 “R” (como em “red” e “car”): O “r” em inglês pode ser difícil porque é diferente do “r” português. Em inglês, o “r” é mais suave e não é vibrante como no português.

 “L” final (como em “full” e “ball”): Em inglês, o “l” no final de palavras tem um som mais “escuro” (velarizado), enquanto no português o “l” final pode soar mais leve ou até ser omitido.

 “V” e “W” (como em “very” e “wet”): Muitos brasileiros têm dificuldade em distinguir entre o “v” e o “w”, pois o “w” não existe em português e o “v” é frequentemente confundido com o som de “f”.

Sons vocálicos (como em “cat” vs. “cut”): O inglês tem muitos sons vocálicos que não existem em português. Palavras como “cat” e “cut” podem ser desafiadoras devido à diferença entre o som curto e o som médio de vogais.

 “S” no início de palavras (como em “school” e “science”): O “s” inicial seguido de uma consoante pode ser difícil, especialmente quando a consoante seguinte é uma consoante surda como “c” ou “s”, que não é comum no português.

 Sons como em “ch” (como em “cheese” e “chair”): O som do “ch” em inglês, que é /ʧ/, é diferente do “ch” em português, que pode ser mais semelhante a /ʃ/ (como em “chave”).

 Além disso, você certamente já percebeu que a relação entre grafia e pronúncia das palavras não segue a padronização quase análoga do português. Raros são os sons, por exemplo, de palavras em português que pedem memorização, como os diferentes sons de “x” (mexido soando como “ch”, exato como “z”, máximo como “ss” e fixo como “cs”).

 No inglês, entretanto, os exemplos são incontáveis. Talvez por semelhança à grafia de outras palavras ou sonoridades do português ou mesmo a outras do inglês, ou pela forma estranha de estabelecer a sílaba tônica, brasileiros costumam ter dificuldade com as mesmas pronúncias nas aulas de inglês.

Vejamos alguns exemplos desse fenômeno, com a pronúncia entre colchetes e a sílaba tônica em caixa alta.

Focus (foco/focar)

[FOU cãs]

Essa palavra é parecida demais com a tradução no português para a maioria dos brasileiros lembrar como se fala na Inglaterra ou Estados Unidos. É comum ouvir “fócus” nas aulas de inglês, o que pode confundir numa conversa com native speakers. A pronúncia é praticamente a rima perfeita para a palavra “poucas”, em português mesmo.

Vacation (férias)

[vei QUEI chãn]

Devem ser as quatro primeiras letras iguais às do animal mamífero em português que leva boa parte dos brasileiros a dizer “vaqueichon”. Estranho como possa soar, o correto são dois sons de “ei” seguidos. E a palavra só vale para os Estados Unidos. Na Inglaterra fala-se holidays, tanto para feriados quanto para férias.

Determine (determinar)

[di TÃR mên]

Se você diz “combain” quando lê o verbo combine, você acertou. E isso pode dar a impressão de que toda vez que um verbo terminar em “ine” a pronúncia vai ser a mesma. Mas com determine não. E a última sílaba nem é a tônica, papel da segunda. Se for falar de he, she ou it no presente, acrescente um s. Essa é uma boa palavra para você registrar nas suas anotações de aula.

Develop / Development (desenvolver / desenvolvimento)

[di VÉ lop/ di VÉ lop ment]

Esse é um desafio clássico para brasileiros. É aquela palavra que parece a equivalente em português, desenvolver / desenvolvimento, pelas letras em comum, mas resvala para algo bem diferente depois da primeira sílaba. Como é oxítona em português, enfatizar a sílaba “ve” muitas vezes é um desafio incômodo para estudantes brasileiros nas aulas de inglês.

Success / Successful (sucesso / bem-sucedido)

[sãc CÉS/ sãc CÉS fãl]

Aqui tudo costuma soar correto, a não ser a sílaba tônica, a final. Apontado o erro, a confusão aumenta, com o “c” mudo indo parar na última sílaba também. O pior é que existe um constrangimento potencial para piadas, se essa última sílaba for pronunciada como “sex”. O melhor é falar as duas sílabas pausadamente, mesmo quando a terceira “ful” forma o adjetivo.

Strategy / Strategic (estratégia / estratégico)

[STRÉ te dgi / stra TI dgic]

Substantivo e seu adjetivo equivalente que mudam de sílaba tônica? Está armada a confusão! Strategy e strategic, respectivamente, tem três sílabas, sendo a primeira tônica em strategy e a segunda em strategic. Mas ainda se pronuncia o “te” de duas maneiras: “te” no substantivo e “ti” (tônico) no adjetivo. Se existe uma confusão bem justificável, é essa.

Tuesday / Thursday (terça-feira / quinta-feira)

[TIUS dei / THÃRS dei]

Essa dupla de dias da semana demora a ser assimilada. A grafia é parecida demais, porém mais que a pronúncia. Um soa como “u”, o outro como “ã”. Só Thursday tem o som de “th” que pede a ponta da língua relando na parte de trás dos dentes incisivos superiores. Melhor memorizar o quanto antes para não chegar dois dias antes nem depois nos seus compromissos.

Course / Curse (curso / maldição)

[CÓRS / CÃRS]

Antes de começar qualquer curso, certifique-se de que você se convenceu da importância dele no seu aprendizado para não ficar amaldiçoando as aulas depois. Não entendeu? Trocar a pronúncia das palavras course e curse, escritas com um mero “o” de diferença, muda completamente o sentido da palavra e pode gerar boas risadas durante suas aulas de inglês.

Climate (clima)

[CLAI mêt]

Se titubear, prefira o sinônimo weather. A palavra climate, quase igual à tradução no português, mas com uma sílaba a mais, quase naturalmente leva grande parte dos brasileiros a dizer “climeit”. Duas sílabas, dois erros. A primeira se pronuncia “clai” e a segunda “mêt”, não “meit” (que vale para a palavra mate). Às vezes as semelhanças mais atrapalham que ajudam.

Fuel (combustível)

[FIU oul]

Few (poucos/poucas) se diz “fiu”. Feel soa como “fil” – mas a letra “l” deve ser articulada no fundo da língua, quase garganta. Já fuel mantém o som de “iu”, mas pede um “oul” com essa mesma articulação da letra “l”. Brasileiros raramente percebem isso, pois o “l” tensionado na frente da boca é bem mais claro. De todo modo, os sons vocálicos devem bastar para evitar confusões.

Suit (adequar / terno)

[SUT]

Há o verbo suit e o substantivo, com grafia e pronúncia idênticas, mas sem relação um com o outro. Adequar ou ser adequado, servir para determinado fim, tem um sentido bem claro. Já um terno pode ser adequado para o ambiente corporativo, mas não serve como traje de praia. Tanto sweet (doce) quanto suite (suíte) se diz “suit”. Mas suit se diz “sut, sem som e “i”.

Allow (permitir)

[ALAU]

Se você consegue lembrar a pronúncia das palavras now, wow, crowd,  trowser ou browser, como a maioria dos brasileiros lembra, não deveria ser muito desafiador lembrar a de allow. Mas por alguma razão desconhecida, é. E é comum ela ser dita como um cumprimento telefônico em português. Mas vale tomar nota, já que ela é de uso tão comum: o correto é “alau”.

Ainda sobre erros comuns, vale assistir a este vídeo que atenta para ajustes mais sutis para a maioria dos brasileiros que fazem aulas de inglês, mas sem perceber particularidades que acabam sendo entendidas como sotaque.

Da mesma forma, existem também pronúncias não tão comuns, mas que surpreendem até pelos padrões do próprio inglês, pelo inusitado do que se diz em relação ao que se escreve.

Diante disso, o jeito é insistir e, sempre que possível, tomar nota de como se pronunciar a palavra reiteradamente desafiadora, destacando de alguma forma visual a sílaba tônica.

Praticar a escuta e a fala desses sons com nativos ou usando ferramentas de aprendizado pode ajudar a superar esses desafios.

Se você quiser se aprofundar nesse assunto, fica aqui a sugestão de mais um blog com bons exemplos de como a atenção detalhada à pronúncia pode fazer toda a diferença na hora de se falar um bom inglês e manter uma comunicação clara e sem ruídos.

 

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